Por que um executivo de Comunicação se dedica a contar histórias
Roberto de Castro Neves, ombudsman do Prêmio Aberje, foi executivo de uma multinacional na área da Comunicação Corporativa durante 30 anos. Ao longo de sua trajetória, publicou 11 livros, entre romances, contos e ensaios sobre Comunicação. Sua última obra, Fernando da gata e outros contos (Outras Letras, 180 páginas, R$ 39,90), trata do cotidiano do brasileiro, uma fonte inesgotável de histórias e informações sobre a natureza humana. Nesta entrevista, ele diz que a Literatura tem muito a ensinar aos comunicadores.
Comunicação Empresarial: Quais fontes literárias inspiram você, no fazer poético e na sua própria vida?
Roberto de Castro Neves: Sempre li muito. Desde pequeno. Sempre escrevi. Desde jornaizinhos na escola primária, no ginásio, na Universidade. Nos últimos anos, publiquei, entre outros temas, cinco livros de ficção: dois romances e três livros de contos. Certamente, fui influenciado por vários autores. Entre os mais recentes, citaria Rubem Fonseca, Ivan Ângelo e Nelson Rodrigues.
CE: Como se deu o seu interesse pela escrita? E pela comunicação corporativa?
Neves: Como mencionei, escrevo desde meus tempos de estudante. Meu interesse por comunicação corporativa nasceu na minha carreira executiva. Fui diretor de Comunicação de uma grande empresa multinacional por mais de dez anos. Quando deixei a empresa, publiquei quatro livros sobre o assunto.
CE: Como você acha que a literatura pode influenciar na comunicação corporativa? E o inverso? Você acredita que essas duas áreas conversam entre si?
Neves: Comunicação é relacionamento. A literatura é generosa e rica em fornecer exemplos de relacionamentos. Quem lê muito se comunica melhor.
CE: Quais foram suas inspirações para escrever o livro Fernando da Gata e outros contos? Por que escrever contos sobre o cotidiano do brasileiro?
Neves: Fernando da Gata é uma figura interessante no cotidiano brasileiro por qualquer ângulo que se examine: do aspecto criminoso ou da psicologia das massas, por exemplo. Foi um estuprador que assustou uma cidade, manteve a população temerosa de sair às ruas, depois foi morto pela polícia, teve um enterro glorioso, e seu corpo foi velado com rezas. Tudo sustentado pela comunidade. Quanto à razão de escrever sobre o cotidiano, deve-se ao fato de ele, o cotidiano, ser uma fonte inesgotável de informações sobre a natureza humana. Impossível ignorá-lo.
Por Giovanna Chencci